30 de mar. de 2007

Feliz 30!

A palavra amor deve ser uma das mais desvalorizadas de todos os tempos, desde que o homem deveu pronunciá-la com grunhidos e golpes e nem era chamado de homem ou humano. Perdeu o valor porque falamos demais nisso, em canções, em livros, em blogs, em poemas, quando justificamos a barbárie pela falta de amor. Perdeu o valor porque o ódio só fez aumentar desde sempre e amamos cada vez menos. Amor, em palavra e sentido, é algo que vale menos que um copo de vidro estilhaçado no piso de um bar às duas da madrugada porque falamos demais, amamos de menos e tratamos de explicá-lo obsessivamente, como se isso fosse necessário. Transformaram o amor em equação, fórmula química, traços do DNA, em Martes e Vênus. E tudo o que basta é sentir, que há que entender? O medo faz parte, ansiedade também, erramos, recomeçamos, o amor passa a ser eterno somente quando partimos e deixamos alguém pra contar a nossa breve estória neste pontinho do céu que, quiçá, inspire a outros que amam. E aqui estou eu falando do amor, mas não se engane, não há contradição no que digo, apenas que há este ardor estranho, esta vontade insuperável de compartilhar o que nem precisaria ter nome, lhes empresto um tantinho do que sinto, porque regalado já está desde que a conheci.

Feliz aniversário, meu amor.

27 de mar. de 2007

Negrume

Os mais atentos hão de perceber que entre o primeiro e este passam dois anos. Não é que eu tenha tido uma grave crise criativa já nessa época, mas é que sempre fui muito exigente comigo mesmo, penso que se é para escrever algo, então que valha a pena. No caso, entre um sem número de coisas que perdi em meus velhos cadernos, este poema parnasiano se salvou.

Negrume

Cigarro em punho,
o homem anda sem escolher seu caminho,
escorregando a saliva das palavras sem sentido,
até estas caírem ao chão.
Então, uma luz meio inclinada meio vertical
o faz enxergar a si mesmo e a um poste,
antes de ir contra este.

Trôpego, pelo resto do calçamento de cimento,
só desvia do desvio original,
por não mais conseguir achar o antigo caminho.

Então, a saliva se transforma num projétil,
que de se esparramar ao chão
o lava com sua água suja,
pouco antes do cigarro apagar junto à sua vida,
num vão de tempo.

1988

Nós e o Lobo

Esse foi o primeiro poema que escrevi, ou pelo menos o primeiro que achei que valia à pena guardar. Nem me havia dado conta, mas já tem mais de vinte anos... Putz! É bobinho, mas acho ele tão bonitinho...

Nós e o Lobo

Éramos nós todos felizes,
até que, um dia, veio o Lobo:
fez a nós todos de perdizes,
fez a nós todos de bobos.
Éramos nós todos unidos,
até que, um dia, veio o Lobo:
nossos princípios infringidos,
fez a nós todos de bobos.
Éramos nós todos convictos,
até que, em um dia lindo d'ouro,
nossas crenças viraram mitos,
fizeram mais a muitos outros.
Éramos todos uma nação,
até que, um dia vindo a outro,
o Lobo tomou-nos a terra e o pão,
fez a nós todos de bobos.

1986

Meus pensamentos imperfeitos...

Uns anos atrás, eu tinha um sítio chamado Pensamentos Imperfeitos, com alguns dos meus poemas e letras de música. Já não os escrevo mais com freqüência, digamos que agora prefiro a prosa, mas do alto do meu par de dias entediantes no trabalho, deu ganas de revivê-los. Aliás, há bastante tempo, já havia prometido isso. Como promessa é dívida e os juros no hemisfério sul são altos, lhes introduzo dois dos meus poemas de uma só vez, em ordem cronológica.

Cabe aclarar que geralmente quando escrevia eu tinha em mente uma canção ou pensava nos versos como que se encaixassem em alguma melodia, por isso hesito tanto em chamá-los de poemas, embora alguns soem em minha cabeça como sendo declamados por um ator canastr
ão.

22 de mar. de 2007

Não sou uma pedra!

Se existe algo que me atrai e ao mesmo tempo causa temor é a água, em especial o mar. Talvez por conta disso, ou por completa inépcia minha, sei lá, jamais aprendi a nadar, sequer a boiar. Já passei por diversos sustos, alguns dos quais esqueci de contar a meus pais (blog também é confessionário). Mas domingo passado, me senti o próprio Aquaman, pois fomos às Termas Marinas, parque termal que fica em San Clemente del Tuyu, distante umas 3 horas, ao norte, de Mar del Plata. Diferentemente da maioria dos parques termais, cuja água vem de rios subterrâneos, essa vem do mar, embora a uma profundidade considerável. De fato, há um farol dentro do parque, construído há mais de 100 anos e ainda em funcionamento. Pertinho, há um caranguejal. O engraçado é que o caminho é caracterizado pela mesma monotonia de quando fui à Sierra de Los Padres, ou seja, há muitas planícies, alguns haras e até pinheiros. Tudo isso, perto do mar. Muito estranho.

O lugar é bárbaro, tem quatro piscinas para adultos com temperaturas entre 35 e 40 graus, o que pra mim não chega a ser excepcional, pois tomo banho quente até no verão. Na verdade, o mais divertido é que a água te faz flutuar involuntariamente e, pela primeira vez em minha vida, pude boiar, finalmente provando para mim mesmo que não sou uma pedra! Pelas regras, não se pode ficar mais de 15 minutos em cada piscina, supostamente para aproveitar ao máximo os efeitos terapêuticos da água, e no começo até seguíamos a orientação, mas... como resistir a ficar sempre mais cinco minutos que se transformavam em dez ou até quinze? Nem mencionar os jatos d'água, verdadeira hidromassagem da natureza.

Além disso, há outras atividades, claro. Aprendi a disparar de arco e flecha (agora respeito a quem pratica este esporte, não é nada fácil), subi ao farol, caminhamos e enfrentamos insetos comedores de gente e, claro, encontramos um gato (mas esse estava bem alimentado). O mais estranho é que todas estas atividades praticamos de roupão posto, me sentia como se estivesse num campo nudista ou coisa parecida. Pena que a grana não alcançava pra fazer uma massagem e não houve as aulas de aeróbica como prometido. Isso ficaram devendo, se bem que eu não faria mesmo, hehe (sim, começo a reclamar por hábito, como legítimo argentino em que me transformo). Outra coisa que me chamou a atenção foi a ausência de ruídos desnecessários, as pessoas falavam baixo, quase cochichando, o lugar todo transmitia uma tranqüilidade muito grande, mesmo as crianças não saiam correndo para qualquer lado.

Chegamos quase às dez da noite, extremamente cansados, mas felizes. No dia seguinte, decidi nem ir de bicicleta, preferi pegar um ônibus. Ah, sim, ainda não havia comentado sobre a bici, mas isso fica mais pra adiante ;-)

Um abraço em todos!

17 de mar. de 2007

Video Show (de horrores)

Não sei se já comentei, mas minha TV é binária, ou seja, só tem dois canais, cada um pior que o outro. Bah, tem ainda meio canal, cuja imagem é tão sofrível quanto sua programação.

No canal 8, que retransmite os programas de Telefe mesclando com a programação local, está passando o interminável e onipresente Big Brother. Dizem que é líder de audiência, segundo o IBOPE (sim, ele mesmo). Não sei o que é pior: a preguiça da emissora em produzir algo próprio ou o mau gosto do público. Como se não bastasse, mostram trechos de Big Brothers pelo mundo, inclusive Brasil. Curiosamente, ninguém admite que assiste. No outro canal, que localmente se chama Canal 10, mas retransmite a programação do Canal 13, a situação não é muito melhor. Nem vou comentar da criatividade dos nomes das emissoras, fico apenas com o exemplo do telejornal: por que eles têm que ser tão dramáticos?!

Por exemplo, na província de Entre Rios, há uma localidade chamada Diamante onde a vida está mais dura que nunca - que me perdoem o trocadilho – por dias seguidos de chuva intensa. O rio Paraná encheu e o gado, coitado, está debaixo d’água. Faz uns dois ou três dias, quase só falam disso, requentando a notícia como podem, simplesmente não há muito mais que falar e mostrar. O rio encheu, o gado tem que ser resgatado da maneira possível, muitas perdas para os produtores. No entanto, mostram um sem-número de imagens de bois e vacas alagados ou sendo transportados e sempre fazendo as mesmas perguntas idiotas: “as perdas foram grandes?”, “ainda falta muito pra resgatar?”, etc. Nem falar da voz com um tom entre o que seria indignação (por não haver ajuda das autoridades, supostamente) e comoção, sendo devidamente acompanhada por uma música bem triste de uma nota só. E ainda tem gente que acha a Globo exagerada... não conhecem da missa a metade!

15 de mar. de 2007

Rio Body Count

O texto abaixo escrevi motivado por um post no blog da Teresa que fala do Rio Body Count, ao parecer o primeiro grupo de cidadãos cariocas que está ativamente tentando reverter o atual quadro de pré-guerra civil que passa não somente no Rio, não somente na cidade, mas em todo o estado, em todo o Brasil. Eu me acostumei a ver muitos movimentos nascerem e morrerem no mesmo ritmo da barbárie diária, como eles mesmos fossem suas vítimas. No entanto, acho que somos mais vítimas da indiferença e preguiça que de traficantes e políticos que pensam não haver pressa em tomar agora medidas que já deveriam ter sido tomadas desde muito.

Não são passeatas na orla de Copacabana que vão mudar uma rotina a que o carioca já se acostumou como se fosse algo inevitável. Eu mesmo, antes de exilar-me, apesar de estressado com o que passava a diário em frente de casa, já havia me acostumado à situação, até achava graça da minha sogra espantada com um policial de fusil na mão em plena luz do dia! Queria poder afirmar com toda certeza do mundo que este grupo de pessoas têm o melhor método do mundo pra forçar as “otoridades” a fazer valer o nosso voto, que agora vai, etc. Só sei que de longe isso é tudo que posso fazer: apoiar cada movimento que surja e que tenha interesse em fazer o Rio ressurgir de suas próprias cinzas.

Quem quiser saber mais, pode visitá-los aqui.

Sambas e tragédias

Diz-se desde faz muito que países como Brasil e Argentina são o que são por falta de catástrofes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm a cada dois por três um furacao, terremoto, Bush pai e filho... A Europa Ocidental não costuma ter tragédias naturais, mas desde sempre sofre com as guerras, a última dizimando grande parte da população, destruindo fábricas importantes, aniquilando construções históricas e agora o euro vale mais que o dólar. O Japão... sobre este, mal poderíamos especular o que seria hoje em dia se tivesse sofrido um ataque atômico massivo. Pra sorte nossa, foram apenas duas bombas. Alguém mais lúcido poderia até dizer que ótimo, pois foram menos bocas a alimentar depois da guerra.

E o Brasil? Com exceção da tragédia do Sarriá e do Maracanazo, que mais sofrimos? Até agora, tivemos apenas uma tentativa pífia no sul do país (os sulistas sempre mostrando o norte para os demais!), com um ciclonizinho extra-tropical. Mas na verdade, nem estou muito preocupado, porque o Rio mais uma vez é vanguarda, neste momento sendo seguido desesperadamente por São Paulo e até mesmo alguns estados do nordeste. Eu tive que sair de lá, porque sou conservador demais, no caso gosto de me conservar inteiro, sem buracos por todo o corpo ou do que restar dele... Se bem que brasileiro sabemos como é, entre uma tragédia e outra precisa fazer uma pausa pra descansar e este ano já tivemos o Carnaval, a maior festa do planeta! Em breve, estaremos orgulhosamente apresentando a maior carnificina do planeta, quiçá da galáxia. Mais uma vez os europeus se curvarão aos brasileiros. Antes, no entanto, que venham os coelhinhos e seus ovos de chocolate, nesse meio tempo continuamos com a rotina de sempre, uma chacina básica diária, pois queimar ônibus dá trabalho e faz calor.

12 de mar. de 2007

Um dia de sol

Sierra de los Padres é uma espécie de bairro nas aforas de Mar del Plata que está a uns 150 metros acima do nível do mar. Para quem conhece o Rio, eu compararia com o Alto da Boa Vista. Para chegar aí, serve o caminho até Balcarce – a cidade onde nasceu Fangio – cercado por granjas e sítios que em sua maioria absorvem a mão-de-obra dos bolitas, como os bolivianos são “carinhosamente” chamados por aqui. Chama a atenção onde eles moram, casas muito precárias, poderia dizer que é uma favela até razoavelmente grande para os padrões daqui. A certa altura, há uma bifurcação, nesse momento o motorista dobrou à direita e paramos uns minutos. Notei que havia um kiosco, algo como um armarinho, chamado “El Coyunco”; também havia um mercado um pouco maior e um posto de gasolina com o mesmo nome, praticamente um império (que não descubram os piqueteiros!). Na verdade, coyunco é uma planta que cresce ao longo da Laguna de los Padres.

Logo depois deste preâmbulo tortuoso e desnecessário, chegamos a um sítio, que é o que realmente importa neste texto. Fomos aí convidados por Atílio, avô de Sandra, minha esposa. Ele é um velhinho de 80 com cara de 70 e cabeça e disposição de 20, que me faz ter esperança de dias felizes na velhice, se eu chegar a essa idade (tenho sérios temores de não me suportar depois dos 60). Também nos acompanhou minha sogra, Carmen, a quem chamo de viejita por pura provocação, visto que é uma pessoa também muito jovem. O grupo era basicamente composto por viejitos de verdade, sendo que a maioria de senhoras. Acredito que havia um total de um 5000 anos de experiência se juntasse os dois ônibus, mas era espantoso como eram todos ativos, cantavam canções folclóricas italianas – em grande parte eram italianos ou descendentes diretos – demonstrando ter uma energia até então insuspeitada. Ao descer do ônibus, por exemplo, uma senhora beeeem velhinha não quis ajuda! Nada de ser dependente dos mais jovens. Confesso que no início eu via a experiência como sendo uma espécie de auto-análise em que eu precisava perder ou pelo menos diminuir o temor à velhice.

O bairro em si não tem grandes atrações, apesar de que tem coisas muito bonitas, tudo muito bem cuidado e em franco crescimento, um par de mini-shoppings ao ar livre, tendo sempre em conta a preocupação de estar bem integrado à natureza. É um lugar demasiado tranqüilo em que as pessoas são mais desconfiadas ainda do que o marplatense médio, me pareceu inclusive que não gostam muito de gente de fora (e não estou falando de mim). Em uma hora, vimos o que tinha que ver e acredito que trinta minutos estariam já de bom tamanho. Voltamos ao sítio, comi um par de choripanes (cachorro-quente feito de lingüiça), vimos um mini-show de um cantor com direito a fabuloso sorteio de seus CDs, enfim era um dia bastante pacato e até agradável, relaxante, mas que de forma inesperada quase se transforma em drama... Não sei se já comentei aqui, mas adoro animais, em especial os gatos. Tenho loucura por felinos. Justamente havia 3 filhotes, provavelmente com não mais que um mês, cuja mamãe gata havia deixado de existir. Estavam todos muito fraquinhos e famintos. Sandra e Carmen são tão bicheras quanto eu, e lhes dávamos de comer o que tinha sobrado, dando carinho e cuidando para que ninguém os pisasse, de tão pequenos que eram. O que no início era uma distração, pouco a pouco ganhou um contorno mais denso porque começamos a sentir muita pena de deixar os gatinhos aí, de tão fracos que estavam. É que nos parecia muito claro que não estavam dando a menor pelota para eles. Por mim, eu levaria os três para casa, mas como tenho já uma gata, Juanita, que é bastante ciumenta, Sandra resistiu bravamente às minhas tentativas de levar o negrito que mordeu meu dedo por engano quando lhe dava de comer. O lindo disso tudo é que nosso esforço chamou a atenção das pessoas e outras senhoras se dispuseram a ajudar, encontrar um lar pra cada um. Eu tinha um plano B, caso algum sobrasse: já no ônibus, Sandra não teria coragem de se desfazer do gatinho que eu levaria escondido. Por sorte, não tive que chegar a esse extremo. Enfim, o que era pra ter sido mais que nada um dia de repouso, tinha reservado os seus momentos de emoção novelística com direito a final feliz, embora eu saiba que para muitos que cheguem a ler o texto, que importância há em salvar a vida de três gatinhos diante dos Joões deste mundo? Bem, cada um sabe o que pode fazer para ter um mundo um pouco melhor. Tudo que eu posso dizer é que cada peça é importante. Faço o que está a meu alcance, ainda que pareça pouco.

Força sempre!

10 de mar. de 2007

Antes que esqueça...

..queria agradecer a todos que insistem em visitar o blog, sem falar que alguns até elogiam! Demoro a postar, mas pelo menos quando faço vem em lotes generosos ;-)

Mula sem cabeça

Vejam como são as coisas: Bush visitando vários países da AL e deixando Argentina de fora. Ao mesmo tempo, o Senhor Batata, mais conhecido como Hugo Chávez, resolve fazer um protesto contra o porco imperialista aonde mesmo? Sim, na Argentina! Eu sabia que em algum momento beber água diretamente da torneira iria me trazer problemas. Isso tem que ser algum tipo de alucinação. Caramba!, onde que o Kirchner ta com a cabeça? Quer dizer que ele agora empresta o quintal de casa pro vizinho fazer sua festinha em troca de uns caraminguás? Pra quem não sabe, faz pouco tempo que o Pingüin conseguiu convencer o Batata a comprar uns bônus argentinos, um trocadinho de US$ 2,5 bi. O engraçado é que o mandatário argentino não compareceu à festa do amigo, parecendo dizer “eu não tenho nada que ver com isso, só foi um favor...”, típico de quem quer acender uma vela a Deus e outra pro Diabo (cada um que faça sua escolha).

Antes de continuar, me deixa aclarar uma coisa: não gosto nem do Bush nem do Chávez, mas entre os dois prefiro ter relaçoes carnais, como disse o Kirchner alguma vez, com o primeiro. A minha escolha não tem nada de ideológica, até porque faz tempo que desisti de acreditar em algo do gênero e sim prática. É muito simples: entre Venezuela e Estados Unidos, qual é o país mais desenvolvido? Qual tem mais condições a largo prazo de ser um bom parceiro comercial? Qual deles há mais de dois séculos tem uma sólida democracia? Observem que não estou dizendo que os americanos vivem no paraíso, longe disso, eu mesmo não iria viver lá salvo fosse estritamente necessário. O que tento dizer é que pelo menos eles têm condições muito maiores de enfrentar os problemas que têm que a Venezuela. Por isso, quando vejo alguns gritando palavras de ordem, carregando faixas, queimando bandeiras americanas e imolando um boneco de pano que representa Bush, apelo a Freud pra conseguir uma explicação lógica. Se bem que talvez fosse mais prático perguntar a Nelson Rodrigues, que com o complexo de vira-lata talvez seja mais conciso. Eu tentarei ainda ser mais conciso: pra mim, é inveja e da boa. Não admitem que gostariam que todos fossem iguais a eles e essa é a mesma visão que os Estados Unidos, como nação, têm do mundo. Destroem um McDonald’s ou Citibank como os talibãs destroem estátuas de Budas ou um “bispo” destrói a imagem de uma santa ou os americanos que tomam notebooks de viajantes estrangeiros sem explicação (literalmente falando) ou a Igreja Católica que é contra o aborto de uma mulher violentada. É a mesma atitude de prepotência e intolerância.

Percebe-se claramente que são manifestações orquestradas, que não têm o menor respaldo popular. As mesmas faixas e imagens foram usadas aqui e no Brasil. As mesmas palavras de ordem. Quando houve a Cúpula das Américas em Mar del Plata, foi igual, chegaram a saquear uma locadora. Agora leio que, no Uruguai, saquearam até uma joalheria! É justo pensar que ladrões se aproveitam da confusão pra roubar, mas isso não passaria se ninguém apedrejasse uma lanchonete só por ser americana. O que mais me encanta é que Chávez critica tanto ao “Império do Mal” e ao mesmo tempo continua alimentando-o, ou será que a Venezuela parou de vender petróleo aos EEUU e não estou sabendo? De qualquer maneira, pra mim essa viagem tem mais fundo político que econômico. Com Lula, Bush não fechou nenhum acordo, apenas uma carta de intenções. Com Vázquez, o mesmo. Enfim, amigo, o tempo passa e nada muda. A persistir essa situação, os homens de verde não demoram a voltar, acreditem...

Ah e Fidel?! Fidel nem está mais entre nós, embora seu corpo (aparentemente), sim...

7 de mar. de 2007

Seção Pochoclo 3

Pra finalizar essa avalanche de posts, e antes que acabe o verão, deixo com vocês mais uma Seção Pochoclo. Dessa vez, é um anúncio de uma marca de celular, CTI. Explico antecipadamente, pra que vocês entendam. A idéia aqui é fazer o que costumeiramente se chama uma joda, ou seja, uma brincadeira, uma gozação, em cima de algo muito comum: o hit do verão. Eu me lembro, por exemplo, de uma tal “Vem, neném”, que tocou durante o verão, carnaval e acho que chegou até o inverno... Por aqui, muitas vezes o hit do verão é alguma música brasileira adaptada como “Mayonesa” ou “Yacaré yo soy”. Com vocês, “El hit del verano”! Ah, cuidado com o refrão, é bem pegajoso: “que te clavo, que te clavo la sombrilla!”


Seção Qual é a Música

Seguramente, quem tem mais de 30 recorda o "Qual é a Música?", uma das atrações do Sílvio Santos de todo santo domingo (que me perdoem o trocadilho). Antes que alguém me apedreje virtualmente, essa era uma das pouquíssimas opções que existiam na TV durante o fim de semana. Era isso ou ter que conversar em família durante o almoço. O mais divertido do programa era quando alguém pedia somente uma nota pra tentar adivinhar a música. Nem Mozart seria capaz de tal proeza! Enfim, estas reminiscências de minha infância servem tão somente para lhes apresentar a mais nova seção deste blog que vos fala: o "Qual é a Música?". Só que a idéia aqui não é exatamente que vocês tentem adivinhar senão saber que há mais do que Gardel e Mercedes Sosa no cardápio musical argentino.

Começamos com Miranda!, uma banda assumidamente pop, que tem um sósia do Mister Bean como vocalista e líder. A música do vídeo se chama “Don”, mas teoricamente não se refere a um Don Juan e sim a um dom. Bem, tirem suas conclusões...

La Feliz

Uma das coisas que mais gosto de Mar del Plata é seu caráter mais democrático para quem quer se divertir, ter um pouco de lazer com a família ou simplesmente caminhar. Se quero ir à praia, não são mais de 20 quadras ou 30 minutos de caminhada lenta, 15 minutos em bicicleta. Claro, também posso querer variar um pouco e ir à alguma praia do centro, como a praia Grande ou a Bristol, perdendo uns 30 minutos de ônibus ou até mesmo 1 hora de caminhada. Como podem notar, as distâncias por aqui, em geral, são curtas; vantagem de uma cidade pequena, quase chegando à média.

Diferentemente do Rio, onde as belezas naturais da cidade pertencem à Zona Sul e os bares e lugares mais copados (da moda e divertidos) também, longe da grande massa suburbana, o filé mignon marplatense se encontra no centro, facilitando o acesso de todos, sejam eles turistas ou moradores de bairros um pouco mais distantes que o meu, ou seja, há menos exclusão. Se tenho ganas de ir a uma danceteria posso escolher entre ir a Guemes (pertinho) ou Constitución (beem longe) e observem que não moro em nenhum bairro chique. O Puerto, como chamamos comumente à toda a região cerca do porto da cidade, é considerado de nível médio pra baixo (de fato, quando digo onde moro, tem gente que torce o nariz, como se eu estivesse dizendo: moro com os orcos, posso comer você?). No entanto, há praças por todo lado, muitas casas de festas, no próprio porto há opções bem interessantes de gastronomia e passeios de lanchas, sem falar na já mencionada praia.
Já no Centro, onde além de escritórios e comércio, mora bastante gente (praticamente o único lugar de Mardel que tem edifícios altos), tem o cassino, todos os teatros, cinemas e um ou dois shoppings (bah, nisso MDQ perde feio pro Rio, mas lembro que Santos também era assim, coisa de cidade pequena, fazer o que?). Todos os eventos importantes da cidade praticamente se resumem ao verão, afinal de contas, com o frio que faz depois de março, não dá muita vontade de sair da cama à noite. Mesmo assim, os turistas - portenhos em sua grande maioria - sempre que têm oportunidade, voltam à cidade; muitos têm casas lindas perto de onde moro só pra passar alguns dias por ano! Apesar do frio rigoroso já em julho, a cidade volta a parecer muito maior do que é realmente. O irônico é que a esmagadora maioria detesta isso, porque transforma completamente a vida pacata a que estamos acostumados: há gente muito mais louca no trânsito, parte da polícia de Buenos Aires com suas manias de cidade grande tem que vir, os supermercados se tornam insuportáveis... Dessa gente toda, vários planejam passar a velhice aqui, por isso há tantos viejitos e existe toda uma infraestrutura importante para eles (coisas que no Rio, por exemplo, jamais notei). Não é sem razão que carinhosamente Mar del Plata é conhecida em todo o país como... La Feliz.

15 de jan. de 2007

Seção Pochoclo 2

Espero que tenham curtido a última Seção Pochoclo. E já que terminamos a outra semana com bom humor, que tal começar essa da mesma forma (até porque não tive tempo de trabalhar em um novo post - esta seção que criei é perfeita pra encher linguiça, hehehe)?

Bem, o vídeo de hoje é de um grupo dos anos 80 do tipo dos Menudos, lembram deles? Só que estes são, como diria, meio que graúdos demais pra este tipo de coisa... Vocês hão de notar que os muchachos têm, por baixo, uns 25 anos. Sinceramente: será que eles não sentem nem um pingo de vergonha agora? Com vocês, os Chico Boys (só o nome já causa graça)!!!

12 de jan. de 2007

Seção Pochoclo

Vejam como são as coisas: só porque me propus a atualizar o blog pelo menos uma vez por semana, essa me tocou estar complicada. Sem problema. Para alegrar o fim de semana de vocês, decidi inaugurar a Seção Pochoclo: vídeos interessantes, engraçados ou curiosos de coisas relacionadas à Argentina. E hoje vai ser em dose dupla! Primeiro, tenho que explicar do que se trata. O que vocês vão assistir é um vídeo de um grupo musical, chamado K-lifa (Uma pausa se faz necessária: que me desculpem, Mozart, Elvis, Russo e todos os demais músicos geniais por apresentar estes muchachos como músicos, mas não me sobra outra, fazer o que?). Bem, voltando ao grupo... eles mesmos se definem como um mix latino-reggaeton, ou seja, música descaradamente comercial e descartável. Nem vou comentar do que fala a música, o vídeo é bem claro, quanto a isso. Inclusive, se alguém quiser fazer uma versão em português, vai faturar muito. Basta trocar de bombon para bumbum. Uma curiosidade: um pouco pra não perder a métrica, notem que às vezes não se usa verbo. Outra coisa, isso seria mais uma gíria: “comem” as palavras: para vira pa (como o nosso pra), cortita vira corti. O engraçado é que até hoje eu nunca tinha ouvido falar deles porque, na verdade, a música que tocam no clip ficou conhecida nacionalmente através de um grupo chamado... Los Palmeras! Esses sujeitos tocam cúmbia, que é um ritmo extremamente popular por essas bandas e que me faz preferir escutar funk ou até mesmo axé-music. Por isso, decidi pôr os dois vídeos pra que vocês se divirtam em dobro. De quebra, tem a letra pra acompanhar (sem tradução, porque é fácil de entender)! Ah, em tempo: pochoclo, pra quem não se deu conta, é como chamam pipoca por aqui. Às vezes, também chamam palomitas (pombinhas). Taí, vocês decidem: preferem pochoclo ou palomitas?
Besos a todos!

Bombon asesino

original, com K-lifa

com Los Palmeras, ao vivo

Ella se agita, por las noches mueve la cinturita,
y pa colmo usa pollera cortita
el meneo la levanta todita

Ella bonita, baila mueve se menea se exita
cuando se le va parando solita
ella sigue porque sabe que irrita

Es que ella tiene un bombon asesino
se sabe un bombon bien latino

Es que es un bombon suculento
con ese bombon casamiento

Sabe de bombon y lo mueve
menea el bombon cuando quiere

Parece un bombon insaciable
seguro un bombon masticable
me como el bombon