28 de ago. de 2006

Vamos todos apagar as velinhas...

... E cantar aquela musiquinha: “Parabéns, parabéns, pelo seu aniversário!” Antes que alguém pense que me agarrou um ataque de nostalgia, explico que hoje faz 2 anos que vim pra Mar del Plata. E como não sou da época da Xuxa, nem da Angélica (a não ser pra satisfazer meus anseios erótico-juvenis), escolhi a música que, se não me engano, era o Carequinha quem cantava. O fato é que, com esse pretexto, resolvi dar uma espanada no meu blog, tirar a poeira e fazê-lo reviver um pouquinho que seja, ainda mais com pedidos insistentes de meu grande séquito de 3 ou 4 seguidores (uau, essa foi dose; e nem tomei Coca-cola com bala de menta, nem nada).

A verdade é que ninguém imagina como é difícil ser estrangeiro, onde quer que seja. E não me refiro exatamente à nacionalidade, uma pessoa pode ser estrangeira em seu próprio país, se muda de uma cidade à outra, principalmente se são muito distintas (como São Paulo e Salvador). Alguém pode ser estrangeiro simplesmente porque não se sente bem em um ônibus, vendo os programas que passam na TV ou quando acha que a principal festa popular é uma idiotice sem fim. Não posso negar que eu gosto bastante do lugar e da gente, apesar das dificuldades que comecei a citar mais em cima e não completei. Foram quase dois anos de espera pela radicação (no Brasil, minha esposa levou um ano a mais), 8 meses buscando trabalho, vendendo perfume, encontrando gente que se aproveita da sua situação ou simplesmente não conseguindo se adaptar ao estilo fast food de trabalho na Argentina: se você não se adapta em menos de 15 dias à maneira de funcionar de um local de trabalho, tchau, bye bye, so long, farewell. E ninguém te diz se você está cumprindo com as expectativas ou não, tente adivinhar se chama o jogo. Tudo bem, como diria Bam-bam, faz parrrte. E não posso esquecer que também conheci muita gente boa, o Tito e o Marcos, por exemplo, que foram os caras que me deram a chance de trabalhar e todo o tempo do mundo pra me adaptar a tarefas que eu sabia fazer mas não de maneira corrente e me apoiaram 100%. É verdade que até hoje Tito não me deixa atender o telefone, mas o compreendo (talvez do outro lado da linha, não!).

Impossível dizer se vou ficar aqui por todo o resto de minha existência, ainda me sinto dividido, confesso, leio O Globo todos os dias, os sítios brasileiros de automobilismo, sofro à distância com os altos e baixos do Vasco e nem perguntem sobre como é assistir à Copa do Mundo aqui! Se bem que queriam me entrevistar durante a estréia do Brasil. Mas quando descobriram que eu era a fabulosa torcida de um homem só, desistiram (a TV quer é um monte de gente alcoolizada, fazendo ridículo, de preferência com muita mulher semi-desnuda, não um baixinho metido a intelectual). Mesmo com tanta saudade das coisas do Brasil, também tive o prazer de conhecer muita música latina (observem que não me restringi à produção local), agora torço pelo Boca e Aldosivi - indo ao estádio ver os jogos sem problema, podem acreditar nisso?. Também já me defini politicamente, prefiro o La Nación ao Clarín, aprendi mal e porcamente outro idioma, mas aprendi e descobri que tem coisa tão ruim quanto o pagode do Belo e Axé Music (pra quem quer saber, me refiro à cúmbia). Enfim, é lindo estar em outro lugar, conhecer uma nova cultura e, ainda por cima, sentir-se bem. O começo, claro, foi muito difícil, e tenho que dizer que o suportei por uma mistura de amor - por mais piegas que possa parecer – e orgulho (ou teimosia, como queiram chamar). Mas um dia, volto. Todos voltam.

Cuidem-se :-)