11 de out. de 2006

Urbana Legio Omnia Vincit 2

Queria mais que nada publicar um poema que escrevi no dia em que Russo se foi:

A Passagem

Jaz siderado, dentro de mim,
o amigo que não conheci;
o infinito vai ficar mais feliz
e eu perderei o bom senso.

Entender o que,
quando me sinto assim?
Fizemos nos acreditar
em mãos misericordiosas,
mas tamanho desespero
perpetua agora
junto à perplexidade
em mim vitoriosa.

Abriu-se o portal
de uma outra noção de vida;
você foi, eu também irei,
mesmo assim não posso dizer
que nos encontraremos algum dia.

Agora, só sinto saudade e pena
de todos que não o teremos
nunca mais;
e pela última vez, quem sabe,
rascunhei sentimentos
de roubadas palavras suas,
que não mais as devolverei,
já que agora você está em paz.

Urbana Legio Omnia Vincit

São 10 anos sem minha banda favorita, sem meu artista favorito, de quem roubei descaradamente o estilo de escrever letras e poemas que um dia, superadas a preguiça e conformismo, hei de musicar. Seria mentira absurda dizer que perdi a vontade de ter uma banda ou que a inspiração se perdeu nesse momento. Minhas ganas de ser músico ou de escrever foram definhando pouco a pouco, quase até desaparecer. Penso até que, na verdade, era apenas uma necessidade de me expressar, coisa que sempre tive dificuldade. Sempre fui uma criança emocional (ou seja, alguém com dificuldade de se expressar emocionalmente). Acho que ainda sou um pouco. Talvez a grande maioria de nós seja. O que importa é que eles se expressavam por mim, representavam, com todos os seus defeitos, posições idealistas e éticas tão em falta a cada dia que passa. Quem não queria ser Renato Russo? Feio, magro demais, vindo de uma família endinheirada, que tinha um projeto, chamou seus amigos e venceu na vida, com base em seus princípios. Poderia ter virado um poeta maldito, escrevendo pra si mesmo, vivendo do dinheiro paterno, mas idealista que era, seguiu à risca a máxima do punk: faça você mesmo. Eu nem gosto muito de punk, mas como faz falta esse tipo de atitude! E como faz falta alguém como ele no imaginário coletivo... Estamos tão cínicos, já nem acreditamos mais em nada, nem ninguém. Mas de tudo que eu li nos últimos dias sobre Russo, o que me mais me chamou a atenção foi algo que Dado Villa-Lobos disse: tinha brigado feio com Renato e depois de um mês, quando foi procurá-lo pra conversar... já havia pensado muito sobre isso antes e ler sobre este episódio só fez aumentar meu medo de um dia sair de casa brigado e, de repente, não voltar pra esclarecer, ou pior ainda, não ter com quem aclarar as coisas quando voltasse. Já pensaram nisso? Por causa disso, tento estar mais calmo, não me irritar tão facilmente. Não quero levar ressentimentos, nem quero que levem isso de mim. Curiosamente, no disco solo de Russo, Stonewall Celebration Concert, há uma canção que fala disso, que não é dele e sim do Garth Brooks e K. Blazy, cuja tradução livre coloco aí embaixo:

Se o amanhã nunca vier
Às vezes, tarde da noite,
Estou desperto e observo meu amor
Perdido em seu sono tranqüilo
Então, apago a luz e medito na escuridão.
E um pensamento sempre invade minha mente:
Se eu não acordar pela manhã,
Meu amor terá realmente sabido
O que sempre senti por ele em meu coração?

Se o amanhã nunca vier,
O amor que dei haverá sido bastante?
Quiçá eu não tentei demonstrar que lhe amei
E que não há mais corações?
E se meu tempo se acabou
Tendo agora que viver sem mim
O amor que um dia lhe dei
Durará até o fim
Se o amanhã nunca vier

Porque perdi pessoas queridas
Que jamais souberam quanto me importavam
E o arrependimento se faz presente
Porque o amor esteve ausente
Quando deveria haver lhes dito
Fiz-me então uma promessa
De não omitir-lhe o que sinto
Não importa o que passe
Porque pode não haver segunda chance

Então diga a alguém que ama
O que você está pensando
Se o amanhã nunca vier

11 de set. de 2006

O dia em que o mundo caiu

Em 10 de setembro de 2001, estava eu atrasado para chegar ao local de trabalho. Nessa época, eu era responsável por resolver problemas que sempre surgem depois de obras, principalmente um cabeamento estruturado, no prédio da Embratel da Presidente Vargas. Posso admitir chegar atrasado a um encontro pessoal, mas odeio passar da hora em que deveria estar no trabalho, por isso resolvi pegar um ônibus e depois o metrô, para tentar chegar a tempo. O problema é que na calçada estreita havia um par de velhinhas que caminhavam beeem devagar, para minha irritação mais que óbvia. Decidi sair da calçada, ir pela rua, e já livre delas ia subindo de novo na calçada, só que resvalei no meio-fio e caí de tal maneira espetacular que estive quase na horizontal, com todo o peso do meu corpo, que já não era pouco na época, sobre meu pé esquerdo. Ainda subi a rampa, depois de ser ajudado pelas simpáticas e assustadas velhinhas, porque ainda estava caliente. Mas não demorei a me dar conta que havia quebrado o pé. No dia seguinte, já em casa para uma temporada de 45 dias de monotonia, interrompiam os desenhos animados que eu assistia para falar do que em princípio era um acidente bastante bizarro. Enquanto eu voltava da cozinha, minha mãe me falava de uma avioneta que havia chocado com uma das Torres Gêmeas. Eu olhava aquilo e pensava, caramba, e fez tudo isso? Logo, explicaram tratar-se de um Boeing. Seguramente, eu devo ter dito, “se fosse no Brasil, seríamos rebaixados para o 4º Mundo”. De repente, mostravam o que parecia ser a repetição. Tardei uns quantos segundos até entender que era um outro avião. Tudo aquilo parecia um filme-catástrofe de segunda categoria. Confesso que, no momento, ainda não estava chocado, talvez porque a surpresa, o inusitado da situação, fosse predominante. Não pensei nas pessoas que estavam nos aviões, chegando para uma reunião de negócios, para reencontrar a família, para começar uma nova vida, ou para conhecer a cidade que nunca dorme, nem naquelas que estavam trabalhando e em questão de segundos foram desintegradas. Eram pessoas que podiam estar falando ao telefone, tomando um cafezinho para relaxar, tendo uma discussão por erro bobo, pensando na discussão do dia anterior com a pessoa amada e tentando encontrar uma maneira de resolver a situação ou, simplesmente, estavam no banheiro. Hoje faz um dia feio, meio que rançoso. Como se não bastasse ser uma segunda-feira, este é um 11 de setembro. E mesmo que não vivêssemos na era da mídia invasiva e exagerada, em que obrigatoriamente vamos recordar durante toda a semana o que passou naquela manhã, como esquecer isso?

Para mim, este feito equivale à queda de Constantinopla, que é simbolicamente traduzida como o fim da Idade Média. Curiosamente, também simboliza o fim de um império que se creia invencível – o Romano – e tem como protagonistas os turcos, seguidores de Alá, assim como Bin Laden. No entanto, devemos recordar que a invasão à Constantinopla foi o que chamamos popularmente de “bater em bêbado”. No caso norte-americano, eu arriscaria dizer que esse é o começo do fim de sua hegemonia mundial. Não que derrubar um par de arranha-céus seja suficiente para isso, claro que não, mas ocorreu justamente em um momento em que os Estados Unidos eram (e ainda são) governados por um homem de baixa estatura política, pouco respeitado mesmo pelos seus e metido a cowboy, que pensa que a solução de todos os problemas tem a ver necessariamente com posar de macho-alfa, mostrando quem manda no pedaço. Absolutamente não justifico o que passou nesse dia, mas não teria sido mais inteligente fazer uma auto análise e tentar descobrir o por quê de estarem sofrendo atos insanos como estes? Bush, sem dúvida, perdeu a grande oportunidade de criar um momento conciliador entre Ocidente e Oriente, tornado sem efeito prático a loucura perpetrada por Laden e seus capachos. Claro que a dor das famílias de todos os que foram vítimas jamais poderia ser apagada, nunca o será, mas multiplicar a dor e a miséria, prender irregularmente gente que eles considerem suspeitos e interferir na soberania além-mar, tampouco servirá para essas pessoas. Menos ainda para o mundo. Infelizmente, ou talvez tenha sido por isso, Laden encontrou em Bush sua alma gêmea fundamentalista. Quem perde somos nós, que não temos nada que ver com isso. E porque acho que é o começo do fim estadunidense? Notem como a já famosa antipatia ao Tio Sam, cresceu nos últimos 5 anos. Seus aliados foram se afastando, saindo à francesa. Sobraram, por enquanto, Grã Bretanha e Israel. Por maior que seja a supremacia militar americana, o que faz sempre diferença é a grana que gira as engrenagens mundo afora. As novas tecnologias que serão as responsáveis por diferenciar quem manda e quem obedece não são apenas dominadas pelos EUA. Cingapura já domina bastante bem a clonagem terapêutica. Argentina tem um organismo somente para fomentar projetos de nanotecnologia. Brasil há anos pesquisa fontes alternativas de combustível. Não digo que nosso filhos terão tempo de ver um novo equilíbrio mundial, mas acho que seus filhos, sim. E o próprio cidadão americano começa a desejar isso, talvez sem saber, pois a cada dia eles questionam mais e mais a linha de ação do governo Bush. Não morreram gerações inteiras lutando por construir um país para que seja destruído assim. Para terminar, algo que sempre me intrigou: Spielberg recentemente filmou Munich, que trata do assassinato de onze atletas israelenses durante as Olimpíadas de 1972 e que foi assumido por um grupo chamado Setembro Negro. Coincidência?

Cuidem-se, tenham uma boa semana.

7 de set. de 2006

Verde-amarelo

Eis que hoje comemoramos nossa mudança de donos, mais conhecido como Dia da Independência. Sobre essa estória do dia da Pátria, me lembro que distribuíam aviõezinhos coloridos, chapeuzinhos, sempre encenávamos na escola o famoso grito de D. Pedro, levantando a espada (coisa que, nessa época, ele fazia muito). Sinceramente, não sinto falta desses dias. Era criança, mas tinha consciência da hipocrisia, além dos tanques, que nos cercavam. O mais triste disso tudo é que ninguém lutou por nada, o que nos ensinam é que nosso imperador espada deu um grito, os portugueses se assustaram e, pimba!, éramos livres. Queria muitíssimo que alguém me explicasse como foi que tudo aconteceu realmente. Se bem que, se nos dias que seguem é difícil explicar tim-tim por tim-tim tudo que sucede nos porões de Brasília, imaginem o que passou há quase dois séculos.

A história de independência argentina pelo menos é mais bonitinha. Até hoje não sei qual data é a mais importante, 25 de maio ou 9 de julho. Bem verdade que depois da independência nem tudo foram rosas, a unificação do país foi conseguida a muito custo (aposto que vocês não sabiam disso), depois os aproveitadores de sempre saquearam o país, mas pelo menos tem uma história bonita por detrás, ainda que haja no meio disso tudo coisas bem feias, como escravos que lutavam na infantaria – o que explicaria a quase total ausência de negros por aqui. Uma pequena digressão: vocês já pararam para pensar nisso? Por que na Argentina não existem negros nativos se muitos deles foram contrabandeados para cá, vindos do Brasil? Apesar de que era proibido, os navios paravam em Buenos Aires com a desculpa que precisavam fazer algum tipo de manutenção, nessa os escravos sempre escapavam, veja só. Fim da digressão.

Não estou querendo dizer com tudo isso que somos piores que os argentinos, obviamente, até porque claramente existe uma tendência ao exagero tanto como no Brasil para descrever as glórias do passado (e, se foi tão bom, por que somos o que somos agora?). Mas é inegável que posso recordar facilmente alguns nomes importantes da história de independência platina: Belgrano, San Martin, Artigas... Na verdade, diga-se, lutaram pela independência da região inteira, incluindo Peru, Bolívia, Paraguai, Chile, Venezuela, etc. No final das contas, a Argentina hoje poderia ser quase do tamanho do Brasil ou até maior, sem falar no Uruguai que, na verdade, pertencia ao território argentino e foi transformado em independente com uma canetada, fruto de acordo entre Brasil e Argentina. E aí, o curioso leitor pergunta: então, o que deu errado? O de sempre: gente incompetente ou mal intencionada destrói o que, com muito esforço, outros lograram construir. Cada dia que passa, mais me convenço que as diferenças entre Brasil e Argentina não vão muito além da língua...

Besitos.

¿Hablas español?

Aproveitando o gancho do último post, pensei que seria interessante falar um pouco de algo que praticamente deixei passar em branco até agora: a barreira do idioma. À primeira vista, espanhol é fácil de aprender. Lembro bem quando me preparava para a minha primeira viagem a Mardel, neste momento tão somente por férias, e havia uma piada recorrente inventada por Rafael, em que eu teria que traduzir do carioquês para o castelhano, a singela compra de uma Coca: “Me mira una Cueca-Cuela”. Claro, era um exagero nosso, mas quantas vezes não caímos na tentação de falar ou escrever assim em espanhol? Assim, automóvel seria automueble, por exemplo. Curiosamente, pimenta seria pimienta, mas a gente costuma cair no erro de pensar que é o mesmo que em português. Nem falar da troca de gêneros: o leite, no Brasil, vira la leche. Já as pobres árvores deixam ter a graça feminina para transformar-se em garbosos machos a quem chamamos LOS árboles. Mais engraçado e causador de embaraços eternos são as palavras homônimas (ou quase). Aliás, em se tratando de embaraços, deixar uma mulher embaraçada em português não é muito agradável, mas posso garantir que deixar uma mulher embarazada, sem haver pensado nisso, certamente vai te deixar preocupado durante os 9 meses que venham. E se eu oferecer gentilmente ao cavalheiro segurar seu saco enquanto se senta (ops), por favor, não pense tratar-se de um assédio sexual, tampouco duvide de minhas preferências, simplesmente me refiro ao casaco. Um conselho final: jamais, jamais!, queira fazer um galanteio usando a palavra concha, ou sofrerás as conseqüências...

Um fenômeno que passa comigo é que às vezes misturo os idiomas, inserindo uma palavra em português quando falo ou escrevo em espanhol e vice-versa. É estranho porque jamais tive esse problema com inglês. Outras vezes, invento palavras, como vergüenha, mistura de vergonha com vergüenza. Mas a sensação mais estranha de todas é quando percebo que meu interlocutor está tratando de adivinhar de onde sou: já fui americano, português e até francês (este, certamente por causa da gorra que uso SEMPRE no inverno). Uma vez, comprando créditos para o cartão do ônibus, me disseram thank you. Mas nem posso reclamar muito, várias vezes vendi perfumes (na rua!) simplesmente por ser brasileiro. Chega a ser comovente quando vejo os olhinhos das pessoas brilhando e perguntando o que, afinal de contas, estou fazendo aqui! Como pude sair de um lugar tão bom, caloroso, onde as pessoas são felizes, pra estar em um lugar tão frio, e com isto não querem se referir apenas ao clima. Percebo claramente que nessas ocasiões as pessoas se sentem um pouco especiais porque, depois de tudo, se um estrangeiro escolhe a Argentina pra viver, significa que aqui não é tão ruim, certo? Também houve uma ocasião, enquanto eu falava com a amiga de um colega do trabalho, em que percebi um olhar meio estranho que me deixou meio embaraçado (felizmente desembaracei em seguida). Depois, o tal amigo veio me dizer que ela pensou que eu fosse japonês ou chinês... Com esta pérola, fico por aqui.

Cuidem-se todos, força sempre!

28 de ago. de 2006

Vamos todos apagar as velinhas...

... E cantar aquela musiquinha: “Parabéns, parabéns, pelo seu aniversário!” Antes que alguém pense que me agarrou um ataque de nostalgia, explico que hoje faz 2 anos que vim pra Mar del Plata. E como não sou da época da Xuxa, nem da Angélica (a não ser pra satisfazer meus anseios erótico-juvenis), escolhi a música que, se não me engano, era o Carequinha quem cantava. O fato é que, com esse pretexto, resolvi dar uma espanada no meu blog, tirar a poeira e fazê-lo reviver um pouquinho que seja, ainda mais com pedidos insistentes de meu grande séquito de 3 ou 4 seguidores (uau, essa foi dose; e nem tomei Coca-cola com bala de menta, nem nada).

A verdade é que ninguém imagina como é difícil ser estrangeiro, onde quer que seja. E não me refiro exatamente à nacionalidade, uma pessoa pode ser estrangeira em seu próprio país, se muda de uma cidade à outra, principalmente se são muito distintas (como São Paulo e Salvador). Alguém pode ser estrangeiro simplesmente porque não se sente bem em um ônibus, vendo os programas que passam na TV ou quando acha que a principal festa popular é uma idiotice sem fim. Não posso negar que eu gosto bastante do lugar e da gente, apesar das dificuldades que comecei a citar mais em cima e não completei. Foram quase dois anos de espera pela radicação (no Brasil, minha esposa levou um ano a mais), 8 meses buscando trabalho, vendendo perfume, encontrando gente que se aproveita da sua situação ou simplesmente não conseguindo se adaptar ao estilo fast food de trabalho na Argentina: se você não se adapta em menos de 15 dias à maneira de funcionar de um local de trabalho, tchau, bye bye, so long, farewell. E ninguém te diz se você está cumprindo com as expectativas ou não, tente adivinhar se chama o jogo. Tudo bem, como diria Bam-bam, faz parrrte. E não posso esquecer que também conheci muita gente boa, o Tito e o Marcos, por exemplo, que foram os caras que me deram a chance de trabalhar e todo o tempo do mundo pra me adaptar a tarefas que eu sabia fazer mas não de maneira corrente e me apoiaram 100%. É verdade que até hoje Tito não me deixa atender o telefone, mas o compreendo (talvez do outro lado da linha, não!).

Impossível dizer se vou ficar aqui por todo o resto de minha existência, ainda me sinto dividido, confesso, leio O Globo todos os dias, os sítios brasileiros de automobilismo, sofro à distância com os altos e baixos do Vasco e nem perguntem sobre como é assistir à Copa do Mundo aqui! Se bem que queriam me entrevistar durante a estréia do Brasil. Mas quando descobriram que eu era a fabulosa torcida de um homem só, desistiram (a TV quer é um monte de gente alcoolizada, fazendo ridículo, de preferência com muita mulher semi-desnuda, não um baixinho metido a intelectual). Mesmo com tanta saudade das coisas do Brasil, também tive o prazer de conhecer muita música latina (observem que não me restringi à produção local), agora torço pelo Boca e Aldosivi - indo ao estádio ver os jogos sem problema, podem acreditar nisso?. Também já me defini politicamente, prefiro o La Nación ao Clarín, aprendi mal e porcamente outro idioma, mas aprendi e descobri que tem coisa tão ruim quanto o pagode do Belo e Axé Music (pra quem quer saber, me refiro à cúmbia). Enfim, é lindo estar em outro lugar, conhecer uma nova cultura e, ainda por cima, sentir-se bem. O começo, claro, foi muito difícil, e tenho que dizer que o suportei por uma mistura de amor - por mais piegas que possa parecer – e orgulho (ou teimosia, como queiram chamar). Mas um dia, volto. Todos voltam.

Cuidem-se :-)

19 de mai. de 2006

O mundo visto de uma janela

Mais uma vez, dias sem postar, eu sei. O problema é que nos últimos dias estive a full, como se costuma dizer aqui quando alguém esteve muito ocupado com alguma atividade. Primeiro, na semana passada, fui três vezes à Migraciones, sendo que na primeira vez foi al pedo, ou seja, inútil, porque não era dia de atendimento ao público. Claro, depois de quase dois anos aqui, já devia saber disso, mas é que já estou viejito... Pelo menos, tive excelentes notícias: finalmente minha radicação está pronta. Também, depois de tantas listagens em que meu nome nunca estava e sempre tinha um Xing Ling, já não era sem tempo! Naturalmente, cada dia desses foi mais curto e consequentemente meu trabalho foi se acumulando. Além disso, muitas máquinas vieram em seqüência até hoje, que, aliás, não foi nada diferente. Tampouco será amanha, sábado.
Bem, como havia comentado com uma amiga, hoje completo mais uma primavera, embora seja outono. Na verdade, sempre cumpri outonos, invariavelmente me torno mais melancólico nessa data. E, como se não bastasse, não tive uma semana muito feliz. Pra fechar com chave de ouro esta fabulosa semana, hoje o dia começou de uma maneira insólita: a porta não se abria. Minha sogra com minha cunhada do lado de fora querendo me dar os parabéns e eu sem poder abrir a porta. Se a gente não tivesse uma boa relação podia até ser que ela pensasse que eu não queria papo, imaginem só. O mais bizarro de tudo é que hora e meia antes minha esposa tinha saído para trabalhar, ou seja, o problema era comigo. Era como se a casa não quisesse me deixar sair. Justo no dia do meu aniversário, as portas se cerrando e eu trancado no meu próprio mundo, vendo o outro mundo pela janela, sem nenhuma perspectiva de fazer contato. Acreditem, me senti muito angustiado, a janela com grades que serve para impedir que entrem sem permissão, agora me impedia de sair. Certamente, alguém deve estar pensando: esta é a única porta disponível?! Sim. O negócio é o seguinte: na verdade, em um mesmo terreno, existem duas casas, sendo que a dos fundos era a filha da dona que morava na casa onde estou. A entrada desta é por uma porta ao lado. Atualmente, mora gente aí, só que eles têm um sono pra lá de pesado e não me deram a menor bola. Resumo da estória: nem o chaveiro pôde abrir a porta pelo lado de fora. A fechadura estava completamente travada. A essa altura, já eram quase as 10, e finalmente conseguimos chamar os vizinhos pra abrir para mim. Nisso, o chaveiro conseguiu destravar pelo lado de dentro, destruindo o que restava da fechadura. Nesse momento, soube que a dita cuja estava morta para sempre, depois de mais de 40 anos de serviços bem prestados. Ironicamente, minha fechadura morre no dia em que faço anos. Então pergunto: disso tudo, dá pra tirar algum significado simbólico ou é só coincidência? Quem me conhece, sabe que sou um cético, mas paradoxalmente, como penso que sou poeta, vejo simbolismos até nas nuvens ou nas figuras que se formam no chão. O fato é que o dia finalmente se acaba e já estou pensando neste sábado e nas coisas que tenho para fazer. Preciso de um dia maior. E de vizinhos que acordem mais cedo.

8 de mai. de 2006

Cenas do cotidiano

Fazia tanto tempo que não atualizava o blog que o outono já quase é inverno… Outro dia, mesmo me divertia com a senhora que põe crédito em meu cartão do ônibus, dizendo que no Rio tinha uma frente fria e que a temperatura havia baixado muito. Ela perguntou quanto devia ser isso e respondi que em geral uns 18 graus, 16 à noite. Foi o bastante para demonstrar uma das características mais marcantes das pessoas daqui: o modo italiano de se expressar. Os mais desavisados podem pensar que se trata de uma maneira rude ou talvez que estejam dando uma bronca, coisa assim. Na verdade, o argentino, de maneira geral, gesticula bastante e é meio exagerado para demonstrar o que sente. Particularmente, acho isso muito divertido, por isso faço de tudo para provocar este tipo de situação, mesmo inconscientemente. Ah, nesse dia, a temperatura estava 13 graus durante a tarde. E ainda não estamos no inverno… Também me diverte quando alguém comenta que aí faz sempre calor. Eu digo que no Rio há duas estações no ano: calor e muito calor. É o bastante para ouvir os suspiros das pessoas. Claro que não conto como era horrível volta do supermercado a pé no verão.

Por outro lado, é justamente o frio daqui que me impede haver visto uma barata viva em quase dois anos. Sim, acreditem, jamais vi uma barata viva até hoje em Mar del Plata. Quando muito, algumas, não mais que 10 seguramente, mortas. Para mim, isso é bárbaro, pois odeio as blattarias. Não é que tenha medo delas, tenho medo que elas caminhem sobre mim ou me toquem simplesmente isso (imagino os risinhos debochados de alguns). Medo tenho sabe de que? De querer dar lugar a uma mulher no ônibus por achar que ela está grávida e que, na verdade, não tem nada. Não consigo imaginar ofensa pior que essa, implicitamente a estou chamando de barriguda! Ou seja, querendo ser gentil, posso estar sendo grosseiro. Certamente, em algum país deve haver alguma lei contra este tipo de ofensa. Por isso, na dúvida, fico na minha. Sério. Tenho que ter muita certeza para oferecer o lugar. Na verdade, já nem me sinto tão culpado, pois por alguma razão que ainda não entendi bem, as pessoas aqui não costumam aceitar ajuda nos coletivos, apesar de serem bastante apertados. Por exemplo, já praticamente desisti de dar lugar à gente idosa. Alguns se zangam de verdade, crêem que os estamos chamando de velhos, ora bolas! O fato é que até por educação não consigo resistir a querer dar lugar para velhos e gestantes. É um estresse diário, pois o trajeto inclui uma parada justo em frente do hospital onde os velhinhos mais se consultam na cidade. Eu sei que é um pensamento horrível, mas às vezes esperar alguns minutos a mais para que os velhinhos subam e encontrem o cartão magnético e acertem a ranhura é um exercício incrível de paciência. E quando não querem o lugar que alguém oferece por estar perto da entrada (que é na frente, como no Rio)? Quando eu chegue aos 70, por favor, me dêem uma pastilha para dormir, eu não me suportarei, tenho certeza.
Além disso tudo, aqui como aí, os motoristas escolhem o ritmo que lhes convém, não aquele que necessitamos. Como se não bastasse o trânsito ser lento por natureza, muitas vezes os coletivos parecem nos estar brindando um passeio turístico. Mas tudo tem um lado positivo: pelo menos, quase sempre as viagens são silenciosas, pouca gente conversando e, sempre, em voz baixa. Outra coisa é que isso me permite observar com mais atenção o que se passa. Ontem por exemplo, vindo ao trabalho, reparei numa velhinha que corria atrás de um pombo na rua – e o alcançou! Fiquei imaginando por uns instantes por que cargas d’água aquilo estava passando. Depois, extrapolei um pouco e transportei a cena para o final de 2001, quando a crise financeira argentina estava em seu ponto máximo. Muito provavelmente, um turista recém chegado pensaria: “pobre velha, que fome deve ter!”. Na hora, só pensei que era algo muito bizarro e ri sozinho. Hoje, tentando exercitar um pouco de compaixão, preferi acreditar que a pobre senhora queria mesmo era cuidar do pombo, o que seria muito lógico, pois o bicho corria desesperado, em vez de voar. O importante disso tudo é que talvez este episódio me tenha feito entender um pouco melhor um texto do Júlio Cortazar que li recentemente. Era um estilo tipo Janete Clair, literatura fantástica, o que me fez desgostar do texto do início ao fim. Mas agora o compreendo um pouco melhor. Tentem imaginar-se em um engarrafamento gigantesco, onde aparentemente não há saída, não há notícias, nem se sabe o porquê de estar passando algo semelhante. De repente, começa a surgir um micro sistema social, onde o tempo é algo relativo e você se dá conta que depende muitíssimo dos seus semelhantes. A moral da história, creio eu, é que nunca ou muito pouco, prestamos atenção aos demais, pouco nos damos conta do quanto é importante o que cada uma das outras pessoas representam para nós mesmos. Até em uma cidade onde as coisas passam mais devagar, isso acontece. Foi meio que por acaso que notei a velhinha, admito. Desde então, tento prestar mais atenção.

26 de abr. de 2006

Ô, Cride, fala pra mãe...

...que tudo que a antena captar meu coração captura. Essa canção dos Titãs se tivesse sido gravada por David Byrne com produção e arranjos mais caprichados teria virado clássico do rock alternativo, seguramente. Basicamente, o que ela diz é que a gente se acostuma com qualquer porcaria que passa na TV e ainda quer mais. Eu sou exemplo vivo disso! Na Argentina, existe uma quantidade de emissoras de TV similar à do Brasil, sendo a Telefe a Globo daqui. A maioria tem criativos nomes: Canal 9, Canal 13... Mar del Plata, apesar de sua relativa importância na província (o equivalente a estado) tem incríveis 2 canais: Canal 8 (que retransmite Telefe) e Canal 10 (retransmite o Canal 13). Minha televisão de 21 polegadas, estéreo, é binária! Se não estiver passando nada de interessante na TV, significa que tenho que conversar com minha mulher, simplesmente inaceitável. Imaginem-se recém chegados a um país, ainda sem dominar bem o idioma e mais ainda o vocabulário local (por exemplo, dizer bonja para se referir a jabón – sabão em espanhol). Na época em que cheguei, passava um programa, algo como uma novela, que tinha uma tremenda audiência. Era ininteligível no começo, porque os personagens eram ruins, os atores, quase todos péssimos, e a história não tinha nem pé nem cabeça (um verdureiro que se torna presidente da maior empresa de publicidade da Argentina, só porque era honesto e bondoso). Havia um travesti interpretado por um... travesti! Enfim, paro por aqui, para que não comecem a sentir pena de mim. Cheguei a sentir saudades da Record, pra que entendam o meu grau de desespero. Do outro canal, nem chegava perto, estava pior ainda. Pra não me sentir completamente fora do Brasil, eles costumam passar muitas novelas brasileiras, mas à tarde: agora está em seu momento decisivo (faz uns dois meses, mais ou menos) “Señora del Destino”. A dublagem me faz rir, não que seja mal feita, mas é que fica com cara de novela mexicana. E se demora um pouco mais a terminar, capaz que chegue até o segundo mandato de FHC. Agora a programação, está um pouco melhor, se bem que pararam de transmitir temporariamente os Simpsons à noite. E é bastante comum um programa durar somente um dia, dependendo do ibope (medido por IBOPE, vejam só). A busca pelo que chamam aqui de rating é muito cruel. Ainda não vi interromperem um programa, tipo série ou novela, no meio do caminho. Mas trocam de horário tanto quanto o Ronaldo se casa. No fim, se você acompanha algum programa, corre o risco de não saber em que horário ele passa. E, sem aviso nenhum, põem um Harry Potter qualquer pra competir com alguma estréia. Eu sei que a TV brasileira não é muito melhor que isso, mas pelo menos tinha a Fórmula 1 sem cortes comerciais e o Campeonato Brasileiro, que são o que realmente me interessavam. Detalhe: aqui, as corridas não passam em TV aberta, tenho que ir ver na casa de meu sogro, que tem TV a cabo. E pensar que eu reclamava tanto da Globo por causa do chato do Galvão Bueno... O irônico disso tudo é que a Bandeirantes agora passa a fabulosa Florisbela, que nada mais é que uma versão de um programa que aqui se chamava Floricienta (para que entendam: Cinderela, em espanhol, é Cenicienta). Como sei disso? Na TV a cabo, há Bandeirantes. Meu sogro costuma sintonizá-la, porque pensa que eu gostaria de ver um pouco, já que é um canal brasileiro. Ele quer ser gentil e não sabe o mal que me faz.

24 de abr. de 2006

Um pouco de história...

Como já disse, vivo em Mar del Plata, Argentina. Mardel, como as pessoas carinhosamente a chamam, está localizada a umas 4 horas de estrada ou 1 hora de avião desde Buenos Aires, e é uma cidade essencialmente turística. Mal comparando, está para Rio, assim como Buenos Aires para São Paulo. Aliás, não acho que seja tão má comparação assim, senão vejamos: Mardel e Rio são cidades de praia, com intenso movimento turístico no verão, principalmente vindos de cidades maiores e pouco contato com a natureza (Buenos Aires e Sampa). Além disso, assim como no Rio, há uma grande quantidade de estrangeiros vivendo em Mar del Plata. Aí, começam as diferenças: basicamente são bolivianos e peruanos vivendo aqui, e muitos “chinos” também. Os chinos, como já devem ter percebido, são chineses e quaisquer outros com feições parecidas a eles. Logo vocês vão se dar conta que o argentino tem a mania de abreviar tudo. Eu sei que no Rio também há muitos estrangeiros vivendo, mas fora alguns peruanos que conheci na Praça Saens Pena, a maioria é de americanos, ingleses e... argentinos! Bem, o fato é que enquanto as pessoas se mudam para o Rio pelo seu charme (ou o que resta dele...) os bolitas, digo, bolivianos, vêm pra cá por trabalho. A maioria vem ilegal e trabalha em negro nas fábricas de pescado, ou seja, o que no Brasil seria sem carteira de trabalho. Observem que eles, em sua maioria, não querem voltar pra Bolívia, hein? Depois, falo mais disso, divago em excesso.

Então, já sabem que a cidade vive do turismo e das fábricas de pescado. Mas e como ela surgiu? Em 1800 e antigamente, um tal de Barão de Mauá, associado a um português, resolveu abrir um saladeiro no que seria então Mar del Plata. Não deu muito certo e o nosso querido Evangelista de Souza se desfez de sua parte. Pouco depois, o português, pra saudar as dívidas, cedeu a sua parte para um dos pioneiros da região, Patricio Peralta Ramos. Esse cara teve a visão de transformar a localidade em povoado, criando um plano para a cidade, ou seja, Mardel não cresceu de maneira desordenada, como em geral acontece. Outro personagem fundamental para a cidade foi Pedro Luro que se fez cargo do saladeiro e outros empreendimentos. Inicialmente, nos lotes foram sendo construídas casas de veraneio, mas com o tempo as pessoas, principalmente de mais idade, começaram a se mudar para a cidade (por causa do mar – lembrem-se que antigamente banhos de mar eram considerados terapêuticos). Até hoje, a cidade tem uma grande população de idosos, somos uma grande Copacabana! Outro dado interessante sobre as origens dos cidadãos atuais é que desde sempre houve italianos (ou “tanos”), aumentando ainda mais durante a Segunda Grande Guerra; vieram muitos espanhóis também. Atualmente, além destes todos que já citei, notei que há vários provenientes das antigas repúblicas soviéticas. Não me perguntem o porquê. Deve ser uma questão de clima ou fogem da guerra, sei lá. Na próxima que eu vá a Migraciones, vou me animar a perguntar...

Durante o verão, todas as grandes produções teatrais migram para a cidade. Sobra muito pouca coisa em Buenos Aires, já que grande parte das pessoas, principalmente aquela que tem prata pra gastar, está aqui! Verão passado, fui assistir a uma peça chamada Táxi, que na verdade é uma montagem originalmente inglesa. Foi divertida. Chegaram a apresentar uma versão de uma peça de Ingrid Guimarães e Heloísa Perisset, que aqui chamaram Locas de Atar (não me recordo o nome original, alguém sabe?). O triste é que ao final da temporada a cidade se torna mais triste e cinza, já que todo aquele movimento e jogo de luzes dos ônibus que percorrem o centro com crianças e seus pais, homens-aranha e power rangers de araque dão lugar a um deserto de gente, principalmente à noite. Afinal de contas, o outono chega e com ele o frio. É curioso que a cidade não deixa de ser mais bonita por isso, mas trás uma certa melancolia. Admito que às vezes eu gosto disso. Mas a cada feriado largo, a cidade se ilumina de novo: inexoravelmente, se enche de turistas, nem que seja pra ficar três, quatro dias. E com chuva. Bem, pra finalizar, jamais chame a um habitante da cidade de portenho, porque este vem de Buenos Aires e, apesar de trazer grana pra gastar por aqui, não é muito bem visto, na verdade imagino que a má fama que o argentino tem no exterior é culpa dos portenhos. Já me disseram várias vezes que são todos muito presunçosos e chatos. Confesso que já presenciei um par de vezes situações meio estranhas com os portenhos, mas ainda não tenho um juízo definitivo pra dar sobre este assunto. Conheço uns espanhóis tão mal-humorados quanto alguns de Buenos Aires. Pode ser cultural. Com certeza, falarei mais disso no futuro. Por agora, podem me chamar de marplatense.

Pra saber mais:

Estes sítios estão em espanhol, mas não é difícil de entender.

Saludillos!

21 de abr. de 2006

Capítulo 1

Bem-vindos!

Enfim, superei a preguiça de criar um blog como já havia planejado faz tempo, cheguei até a registrar um domínio pra isso, mas atualizar um blog é complicado da maneira tradicional, enfim, descobri meio que por acaso que o blogger é a melhor opção. Então, aqui estou.

Bem, o negócio é o seguinte: sou carioca mas agora vivendo na Argentina, cidade de Mar del Plata, por uma razão que, inclusive, recém veio à tona no O Globo: a violência que tomou conta da cidade. Não sei se alguém aqui soube disso, mas metade da população do Rio sairia da cidade se pudesse. Na verdade, não fico espantado com isso, sempre tive essa impressão, desde o momento em que vários amigos meus foram pra cidades mais ou menos distantes da capital. Também é verdade que alguns foram por motivos profissionais, mas sempre me lembro da felicidade estampada na cara de um ou de outro. Pra ser sincero, queria mesmo era ter feito o mesmo, mas mudar pra outra cidade sem ter um ponto de partida é complicado demais (mesmo tendo apoio já é bem difícil). Daí que viemos (eu, minha esposa e minha gata) pra Mardel, principalmente porque ela sendo originalmente daqui permitiu que tivéssemos todo o apoio necessário para começar de novo. Minha idéia com o blog é contar um pouco sobre o que é ser estrangeiro, especialmente sendo brasileiro na Argentina em uma cidade como Mar del Plata, que muito pouca gente conhece - mesmo depois da Cúpula das Américas. É claro que não deixei de acompanhar o que passa no Brasil e tampouco no mundo, então vou falar de tudo um pouco, obviamente.

Por agora, é isso. Na medida do possível, vou atualizar as entradas. Antes de ir: um super obrigado a meu irmão de alma, Cláudio Bezerra, ele me deu um tremendo incentivo hoje, talvez era o que faltava pra vencer a preguiça.
Abraços a todos. Força sempre!