7 de set. de 2006

Verde-amarelo

Eis que hoje comemoramos nossa mudança de donos, mais conhecido como Dia da Independência. Sobre essa estória do dia da Pátria, me lembro que distribuíam aviõezinhos coloridos, chapeuzinhos, sempre encenávamos na escola o famoso grito de D. Pedro, levantando a espada (coisa que, nessa época, ele fazia muito). Sinceramente, não sinto falta desses dias. Era criança, mas tinha consciência da hipocrisia, além dos tanques, que nos cercavam. O mais triste disso tudo é que ninguém lutou por nada, o que nos ensinam é que nosso imperador espada deu um grito, os portugueses se assustaram e, pimba!, éramos livres. Queria muitíssimo que alguém me explicasse como foi que tudo aconteceu realmente. Se bem que, se nos dias que seguem é difícil explicar tim-tim por tim-tim tudo que sucede nos porões de Brasília, imaginem o que passou há quase dois séculos.

A história de independência argentina pelo menos é mais bonitinha. Até hoje não sei qual data é a mais importante, 25 de maio ou 9 de julho. Bem verdade que depois da independência nem tudo foram rosas, a unificação do país foi conseguida a muito custo (aposto que vocês não sabiam disso), depois os aproveitadores de sempre saquearam o país, mas pelo menos tem uma história bonita por detrás, ainda que haja no meio disso tudo coisas bem feias, como escravos que lutavam na infantaria – o que explicaria a quase total ausência de negros por aqui. Uma pequena digressão: vocês já pararam para pensar nisso? Por que na Argentina não existem negros nativos se muitos deles foram contrabandeados para cá, vindos do Brasil? Apesar de que era proibido, os navios paravam em Buenos Aires com a desculpa que precisavam fazer algum tipo de manutenção, nessa os escravos sempre escapavam, veja só. Fim da digressão.

Não estou querendo dizer com tudo isso que somos piores que os argentinos, obviamente, até porque claramente existe uma tendência ao exagero tanto como no Brasil para descrever as glórias do passado (e, se foi tão bom, por que somos o que somos agora?). Mas é inegável que posso recordar facilmente alguns nomes importantes da história de independência platina: Belgrano, San Martin, Artigas... Na verdade, diga-se, lutaram pela independência da região inteira, incluindo Peru, Bolívia, Paraguai, Chile, Venezuela, etc. No final das contas, a Argentina hoje poderia ser quase do tamanho do Brasil ou até maior, sem falar no Uruguai que, na verdade, pertencia ao território argentino e foi transformado em independente com uma canetada, fruto de acordo entre Brasil e Argentina. E aí, o curioso leitor pergunta: então, o que deu errado? O de sempre: gente incompetente ou mal intencionada destrói o que, com muito esforço, outros lograram construir. Cada dia que passa, mais me convenço que as diferenças entre Brasil e Argentina não vão muito além da língua...

Besitos.

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