19 de mai. de 2006

O mundo visto de uma janela

Mais uma vez, dias sem postar, eu sei. O problema é que nos últimos dias estive a full, como se costuma dizer aqui quando alguém esteve muito ocupado com alguma atividade. Primeiro, na semana passada, fui três vezes à Migraciones, sendo que na primeira vez foi al pedo, ou seja, inútil, porque não era dia de atendimento ao público. Claro, depois de quase dois anos aqui, já devia saber disso, mas é que já estou viejito... Pelo menos, tive excelentes notícias: finalmente minha radicação está pronta. Também, depois de tantas listagens em que meu nome nunca estava e sempre tinha um Xing Ling, já não era sem tempo! Naturalmente, cada dia desses foi mais curto e consequentemente meu trabalho foi se acumulando. Além disso, muitas máquinas vieram em seqüência até hoje, que, aliás, não foi nada diferente. Tampouco será amanha, sábado.
Bem, como havia comentado com uma amiga, hoje completo mais uma primavera, embora seja outono. Na verdade, sempre cumpri outonos, invariavelmente me torno mais melancólico nessa data. E, como se não bastasse, não tive uma semana muito feliz. Pra fechar com chave de ouro esta fabulosa semana, hoje o dia começou de uma maneira insólita: a porta não se abria. Minha sogra com minha cunhada do lado de fora querendo me dar os parabéns e eu sem poder abrir a porta. Se a gente não tivesse uma boa relação podia até ser que ela pensasse que eu não queria papo, imaginem só. O mais bizarro de tudo é que hora e meia antes minha esposa tinha saído para trabalhar, ou seja, o problema era comigo. Era como se a casa não quisesse me deixar sair. Justo no dia do meu aniversário, as portas se cerrando e eu trancado no meu próprio mundo, vendo o outro mundo pela janela, sem nenhuma perspectiva de fazer contato. Acreditem, me senti muito angustiado, a janela com grades que serve para impedir que entrem sem permissão, agora me impedia de sair. Certamente, alguém deve estar pensando: esta é a única porta disponível?! Sim. O negócio é o seguinte: na verdade, em um mesmo terreno, existem duas casas, sendo que a dos fundos era a filha da dona que morava na casa onde estou. A entrada desta é por uma porta ao lado. Atualmente, mora gente aí, só que eles têm um sono pra lá de pesado e não me deram a menor bola. Resumo da estória: nem o chaveiro pôde abrir a porta pelo lado de fora. A fechadura estava completamente travada. A essa altura, já eram quase as 10, e finalmente conseguimos chamar os vizinhos pra abrir para mim. Nisso, o chaveiro conseguiu destravar pelo lado de dentro, destruindo o que restava da fechadura. Nesse momento, soube que a dita cuja estava morta para sempre, depois de mais de 40 anos de serviços bem prestados. Ironicamente, minha fechadura morre no dia em que faço anos. Então pergunto: disso tudo, dá pra tirar algum significado simbólico ou é só coincidência? Quem me conhece, sabe que sou um cético, mas paradoxalmente, como penso que sou poeta, vejo simbolismos até nas nuvens ou nas figuras que se formam no chão. O fato é que o dia finalmente se acaba e já estou pensando neste sábado e nas coisas que tenho para fazer. Preciso de um dia maior. E de vizinhos que acordem mais cedo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Fábio. Cheguei aqui por intermédio do seu comentário no blog "No front do Rio". Então vc fugiu da violência do Rio, né? Que pena. Eu moro em Paris temporariamente, e me preocupo muito, não sei onde vou passar o resto da minha vida, já que nunca me imaginei em outro lugar que não o Rio... Felicidades para vc aí em Mardel.