5 de jan. de 2007

O que passou

Nesses 3 meses de ausência, a lusitana rodou sem parar. Pessoalmente, o que mais gostei foi saber que meus vizinhos, a quem carinhosamente chamávamos Adams, se foram. Não é que não gostássemos deles, eles é que não gostavam muito da gente, penso eu. Vivo numa casa, que aqui chamam chalet, que nos fundos tem outra casa, algo muito comum por essas bandas cheias de famílias italianas, assim os filhos quando casam tem onde começar a vida. Nessa casa vivia a filha da mãe. Digo, antes dos Adams. Bah, isso serve para eles também. Agora, imaginem, não havia muros, obviamente, o quintal era compartido. Nessa situação, o que eles faziam? Usavam nossos pregadores, o tanque de lavar roupa, o cachorro misteriosamente sempre usava nossa metade como banheiro, enfim, uns abusadores. Agora, se foram para Gualeguaychú. Penso que vão se sentir em casa...

Para quem não está ligando uma coisa com a outra, a citada cidade está em pé de guerra com o Uruguai e com o governo argentino por causa de duas fabricas de papel que estão construindo as margens do rio Uruguai. As pessoas que ai vivem têm medo que as águas se contaminem com os resíduos das fabricas, o que me parece uma preocupação legitima, claro. Mas dai a fazer o quilombo, tremenda confusão, que estão fazendo... Eles bloquearam a estrada que liga os dois lados faz meses, literalmente acamparam ai. Agora, querem impedir que as pessoas tomem o Buquebus (uma espécie de ferryboat) que leva gente e carros ao Uruguai. O que eles querem? Que as fabricas sejam instaladas em outro lugar (eu acharia razoável exigir que cumprissem com todas as normas ambientais). Isso me faz pensar: suponho, então, que eles querem continuar usando guardanapos, papel-toalha e papel higiênico, desde que não contaminem o seu quintal, mas contaminar o quintal do vizinho, pode. Os Adams merecem ou não estar ai? Bem, fazer protestos é uma espécie de tradição argentina, vocês devem lembrar das imagens na televisão do que passou em 2001, mas tudo tem um limite. Eu tenho quase certeza que em português existe a palavra piqueteiro para se referir aqueles que usam aumento de salários como pretexto para armar uma baderninha básica. Aqui, é quase uma profissão, há um monte de gente que vive disso, sempre exigindo aumento da grana que o governo originalmente dava como ajuda para as famílias por causa da crise de 2001. Agora, o governo é refém da situação, quer parar de distribuir o dinheiro, mas se fizer isso, não quero nem imaginar o quilombo que vão fazer. Vejam como são as coisas: o argentino tem mania de reclamar de tudo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho que piqueteiro é aquele que durante uma greve impede que outros trabalhem. Mas sei lá... pode ser que seja isso que vc falou também.

Mas aí Cordeiro, essa sua foto sem óculos tá muito estranha (acho porque nunca te vi assim)... se não soubesse que era vc não te reconheceria. Ou será que é porque "a voz continua a mesma, mas o cabelo, tanta diferença..."

[]'s

Anônimo disse...

Ih é? Então argentino é igual a francês. Ô povo que gosta de reclamar. Mas sinceramente, acho melhor que nós brasileiros ,que assistimos aos maiores descalabros sem dar um pio.

Fabio Ricardo Cordeiro disse...

Tio S, acho que houve uma época em que usei lente de contato, mas é verdade que esse corte é algo novo pra mim, nada que ver com looks antigos!

Teresa, ainda preferiria um meio-termo, nem tão "reclamão" como o argentino, nem tão bovino como o brasileiro. Mas em uma coisa você tem razão: o extremo argentino é um pouco melhor.