Feliz aniversário, meu amor.
30 de mar. de 2007
Feliz 30!
Feliz aniversário, meu amor.
27 de mar. de 2007
Negrume
Negrume
Cigarro em punho,
o homem anda sem escolher seu caminho,
escorregando a saliva das palavras sem sentido,
até estas caírem ao chão.
Então, uma luz meio inclinada meio vertical
o faz enxergar a si mesmo e a um poste,
antes de ir contra este.
Trôpego, pelo resto do calçamento de cimento,
só desvia do desvio original,
por não mais conseguir achar o antigo caminho.
Então, a saliva se transforma num projétil,
que de se esparramar ao chão
o lava com sua água suja,
pouco antes do cigarro apagar junto à sua vida,
num vão de tempo.
1988
Nós e o Lobo
Nós e o Lobo
Éramos nós todos felizes,
até que, um dia, veio o Lobo:
fez a nós todos de perdizes,
fez a nós todos de bobos.
Éramos nós todos unidos,
até que, um dia, veio o Lobo:
nossos princípios infringidos,
fez a nós todos de bobos.
Éramos nós todos convictos,
até que, em um dia lindo d'ouro,
nossas crenças viraram mitos,
fizeram mais a muitos outros.
Éramos todos uma nação,
até que, um dia vindo a outro,
o Lobo tomou-nos a terra e o pão,
fez a nós todos de bobos.
1986
Meus pensamentos imperfeitos...
Cabe aclarar que geralmente quando escrevia eu tinha em mente uma canção ou pensava nos versos como que se encaixassem em alguma melodia, por isso hesito tanto em chamá-los de poemas, embora alguns soem em minha cabeça como sendo declamados por um ator canastrão.
22 de mar. de 2007
Não sou uma pedra!
Um abraço em todos!
17 de mar. de 2007
Video Show (de horrores)
No canal 8, que retransmite os programas de Telefe mesclando com a programação local, está passando o interminável e onipresente Big Brother. Dizem que é líder de audiência, segundo o IBOPE (sim, ele mesmo). Não sei o que é pior: a preguiça da emissora em produzir algo próprio ou o mau gosto do público. Como se não bastasse, mostram trechos de Big Brothers pelo mundo, inclusive Brasil. Curiosamente, ninguém admite que assiste. No outro canal, que localmente se chama Canal 10, mas retransmite a programação do Canal 13, a situação não é muito melhor. Nem vou comentar da criatividade dos nomes das emissoras, fico apenas com o exemplo do telejornal: por que eles têm que ser tão dramáticos?!
Por exemplo, na província de Entre Rios, há uma localidade chamada Diamante onde a vida está mais dura que nunca - que me perdoem o trocadilho – por dias seguidos de chuva intensa. O rio Paraná encheu e o gado, coitado, está debaixo d’água. Faz uns dois ou três dias, quase só falam disso, requentando a notícia como podem, simplesmente não há muito mais que falar e mostrar. O rio encheu, o gado tem que ser resgatado da maneira possível, muitas perdas para os produtores. No entanto, mostram um sem-número de imagens de bois e vacas alagados ou sendo transportados e sempre fazendo as mesmas perguntas idiotas: “as perdas foram grandes?”, “ainda falta muito pra resgatar?”, etc. Nem falar da voz com um tom entre o que seria indignação (por não haver ajuda das autoridades, supostamente) e comoção, sendo devidamente acompanhada por uma música bem triste de uma nota só. E ainda tem gente que acha a Globo exagerada... não conhecem da missa a metade!
15 de mar. de 2007
Rio Body Count
Não são passeatas na orla de Copacabana que vão mudar uma rotina a que o carioca já se acostumou como se fosse algo inevitável. Eu mesmo, antes de exilar-me, apesar de estressado com o que passava a diário em frente de casa, já havia me acostumado à situação, até achava graça da minha sogra espantada com um policial de fusil na mão em plena luz do dia! Queria poder afirmar com toda certeza do mundo que este grupo de pessoas têm o melhor método do mundo pra forçar as “otoridades” a fazer valer o nosso voto, que agora vai, etc. Só sei que de longe isso é tudo que posso fazer: apoiar cada movimento que surja e que tenha interesse em fazer o Rio ressurgir de suas próprias cinzas.
Quem quiser saber mais, pode visitá-los aqui.
Sambas e tragédias
E o Brasil? Com exceção da tragédia do Sarriá e do Maracanazo, que mais sofrimos? Até agora, tivemos apenas uma tentativa pífia no sul do país (os sulistas sempre mostrando o norte para os demais!), com um ciclonizinho extra-tropical. Mas na verdade, nem estou muito preocupado, porque o Rio mais uma vez é vanguarda, neste momento sendo seguido desesperadamente por São Paulo e até mesmo alguns estados do nordeste. Eu tive que sair de lá, porque sou conservador demais, no caso gosto de me conservar inteiro, sem buracos por todo o corpo ou do que restar dele... Se bem que brasileiro sabemos como é, entre uma tragédia e outra precisa fazer uma pausa pra descansar e este ano já tivemos o Carnaval, a maior festa do planeta! Em breve, estaremos orgulhosamente apresentando a maior carnificina do planeta, quiçá da galáxia. Mais uma vez os europeus se curvarão aos brasileiros. Antes, no entanto, que venham os coelhinhos e seus ovos de chocolate, nesse meio tempo continuamos com a rotina de sempre, uma chacina básica diária, pois queimar ônibus dá trabalho e faz calor.
12 de mar. de 2007
Um dia de sol
Logo depois deste preâmbulo tortuoso e desnecessário, chegamos a um sítio, que é o que realmente importa neste texto. Fomos aí convidados por Atílio, avô de Sandra, minha esposa. Ele é um velhinho de 80 com cara de 70 e cabeça e disposição de 20, que me faz ter esperança de dias felizes na velhice, se eu chegar a essa idade (tenho sérios temores de não me suportar depois dos 60). Também nos acompanhou minha sogra, Carmen, a quem chamo de viejita por pura provocação, visto que é uma pessoa também muito jovem. O grupo era basicamente composto por viejitos de verdade, sendo que a maioria de senhoras. Acredito que havia um total de um 5000 anos de experiência se juntasse os dois ônibus, mas era espantoso como eram todos ativos, cantavam canções folclóricas italianas – em grande parte eram italianos ou descendentes diretos – demonstrando ter uma energia até então insuspeitada. Ao descer do ônibus, por exemplo, uma senhora beeeem velhinha não quis ajuda! Nada de ser dependente dos mais jovens. Confesso que no início eu via a experiência como sendo uma espécie de auto-análise em que eu precisava perder ou pelo menos diminuir o temor à velhice.
O bairro em si não tem grandes atrações, apesar de que tem coisas muito bonitas, tudo muito bem cuidado e em franco crescimento, um par de mini-shoppings ao ar livre, tendo sempre em conta a preocupação de estar bem integrado à natureza. É um lugar demasiado tranqüilo em que as pessoas são mais desconfiadas ainda do que o marplatense médio, me pareceu inclusive que não gostam muito de gente de fora (e não estou falando de mim). Em uma hora, vimos o que tinha que ver e acredito que trinta minutos estariam já de bom tamanho. Voltamos ao sítio, comi um par de choripanes (cachorro-quente feito de lingüiça), vimos um mini-show de um cantor com direito a fabuloso sorteio de seus CDs, enfim era um dia bastante pacato e até agradável, relaxante, mas que de forma inesperada quase se transforma em drama... Não sei se já comentei aqui, mas adoro animais, em especial os gatos. Tenho loucura por felinos. Justamente havia 3 filhotes, provavelmente com não mais que um mês, cuja mamãe gata havia deixado de existir. Estavam todos muito fraquinhos e famintos. Sandra e Carmen são tão bicheras quanto eu, e lhes dávamos de comer o que tinha sobrado, dando carinho e cuidando para que ninguém os pisasse, de tão pequenos que eram. O que no início era uma distração, pouco a pouco ganhou um contorno mais denso porque começamos a sentir muita pena de deixar os gatinhos aí, de tão fracos que estavam. É que nos parecia muito claro que não estavam dando a menor pelota para eles. Por mim, eu levaria os três para casa, mas como tenho já uma gata, Juanita, que é bastante ciumenta, Sandra resistiu bravamente às minhas tentativas de levar o negrito que mordeu meu dedo por engano quando lhe dava de comer. O lindo disso tudo é que nosso esforço chamou a atenção das pessoas e outras senhoras se dispuseram a ajudar, encontrar um lar pra cada um. Eu tinha um plano B, caso algum sobrasse: já no ônibus, Sandra não teria coragem de se desfazer do gatinho que eu levaria escondido. Por sorte, não tive que chegar a esse extremo. Enfim, o que era pra ter sido mais que nada um dia de repouso, tinha reservado os seus momentos de emoção novelística com direito a final feliz, embora eu saiba que para muitos que cheguem a ler o texto, que importância há em salvar a vida de três gatinhos diante dos Joões deste mundo? Bem, cada um sabe o que pode fazer para ter um mundo um pouco melhor. Tudo que eu posso dizer é que cada peça é importante. Faço o que está a meu alcance, ainda que pareça pouco.
Força sempre!
10 de mar. de 2007
Antes que esqueça...
Mula sem cabeça
Antes de continuar, me deixa aclarar uma coisa: não gosto nem do Bush nem do Chávez, mas entre os dois prefiro ter relaçoes carnais, como disse o Kirchner alguma vez, com o primeiro. A minha escolha não tem nada de ideológica, até porque faz tempo que desisti de acreditar em algo do gênero e sim prática. É muito simples: entre Venezuela e Estados Unidos, qual é o país mais desenvolvido? Qual tem mais condições a largo prazo de ser um bom parceiro comercial? Qual deles há mais de dois séculos tem uma sólida democracia? Observem que não estou dizendo que os americanos vivem no paraíso, longe disso, eu mesmo não iria viver lá salvo fosse estritamente necessário. O que tento dizer é que pelo menos eles têm condições muito maiores de enfrentar os problemas que têm que a Venezuela. Por isso, quando vejo alguns gritando palavras de ordem, carregando faixas, queimando bandeiras americanas e imolando um boneco de pano que representa Bush, apelo a Freud pra conseguir uma explicação lógica. Se bem que talvez fosse mais prático perguntar a Nelson Rodrigues, que com o complexo de vira-lata talvez seja mais conciso. Eu tentarei ainda ser mais conciso: pra mim, é inveja e da boa. Não admitem que gostariam que todos fossem iguais a eles e essa é a mesma visão que os Estados Unidos, como nação, têm do mundo. Destroem um McDonald’s ou Citibank como os talibãs destroem estátuas de Budas ou um “bispo” destrói a imagem de uma santa ou os americanos que tomam notebooks de viajantes estrangeiros sem explicação (literalmente falando) ou a Igreja Católica que é contra o aborto de uma mulher violentada. É a mesma atitude de prepotência e intolerância.
Percebe-se claramente que são manifestações orquestradas, que não têm o menor respaldo popular. As mesmas faixas e imagens foram usadas aqui e no Brasil. As mesmas palavras de ordem. Quando houve a Cúpula das Américas em Mar del Plata, foi igual, chegaram a saquear uma locadora. Agora leio que, no Uruguai, saquearam até uma joalheria! É justo pensar que ladrões se aproveitam da confusão pra roubar, mas isso não passaria se ninguém apedrejasse uma lanchonete só por ser americana. O que mais me encanta é que Chávez critica tanto ao “Império do Mal” e ao mesmo tempo continua alimentando-o, ou será que a Venezuela parou de vender petróleo aos EEUU e não estou sabendo? De qualquer maneira, pra mim essa viagem tem mais fundo político que econômico. Com Lula, Bush não fechou nenhum acordo, apenas uma carta de intenções. Com Vázquez, o mesmo. Enfim, amigo, o tempo passa e nada muda. A persistir essa situação, os homens de verde não demoram a voltar, acreditem...
Ah e Fidel?! Fidel nem está mais entre nós, embora seu corpo (aparentemente), sim...
7 de mar. de 2007
Seção Pochoclo 3
Seção Qual é a Música
Começamos com Miranda!, uma banda assumidamente pop, que tem um sósia do Mister Bean como vocalista e líder. A música do vídeo se chama “Don”, mas teoricamente não se refere a um Don Juan e sim a um dom. Bem, tirem suas conclusões...
La Feliz
Diferentemente do Rio, onde as belezas naturais da cidade pertencem à Zona Sul e os bares e lugares mais copados (da moda e divertidos) também, longe da grande massa suburbana, o filé mignon marplatense se encontra no centro, facilitando o acesso de todos, sejam eles turistas ou moradores de bairros um pouco mais distantes que o meu, ou seja, há menos exclusão. Se tenho ganas de ir a uma danceteria posso escolher entre ir a Guemes (pertinho) ou Constitución (beem longe) e observem que não moro em nenhum bairro chique. O Puerto, como chamamos comumente à toda a região cerca do porto da cidade, é considerado de nível médio pra baixo (de fato, quando digo onde moro, tem gente que torce o nariz, como se eu estivesse dizendo: moro com os orcos, posso comer você?). No entanto, há praças por todo lado, muitas casas de festas, no próprio porto há opções bem interessantes de gastronomia e passeios de lanchas, sem falar na já mencionada praia.
Já no Centro, onde além de escritórios e comércio, mora bastante gente (praticamente o único lugar de Mardel que tem edifícios altos), tem o cassino, todos os teatros, cinemas e um ou dois shoppings (bah, nisso MDQ perde feio pro Rio, mas lembro que Santos também era assim, coisa de cidade pequena, fazer o que?). Todos os eventos importantes da cidade praticamente se resumem ao verão, afinal de contas, com o frio que faz depois de março, não dá muita vontade de sair da cama à noite. Mesmo assim, os turistas - portenhos em sua grande maioria - sempre que têm oportunidade, voltam à cidade; muitos têm casas lindas perto de onde moro só pra passar alguns dias por ano! Apesar do frio rigoroso já em julho, a cidade volta a parecer muito maior do que é realmente. O irônico é que a esmagadora maioria detesta isso, porque transforma completamente a vida pacata a que estamos acostumados: há gente muito mais louca no trânsito, parte da polícia de Buenos Aires com suas manias de cidade grande tem que vir, os supermercados se tornam insuportáveis... Dessa gente toda, vários planejam passar a velhice aqui, por isso há tantos viejitos e existe toda uma infraestrutura importante para eles (coisas que no Rio, por exemplo, jamais notei). Não é sem razão que carinhosamente Mar del Plata é conhecida em todo o país como... La Feliz.
15 de jan. de 2007
Seção Pochoclo 2
Bem, o vídeo de hoje é de um grupo dos anos 80 do tipo dos Menudos, lembram deles? Só que estes são, como diria, meio que graúdos demais pra este tipo de coisa... Vocês hão de notar que os muchachos têm, por baixo, uns 25 anos. Sinceramente: será que eles não sentem nem um pingo de vergonha agora? Com vocês, os Chico Boys (só o nome já causa graça)!!!
12 de jan. de 2007
Seção Pochoclo
Bombon asesino
original, com K-lifa
com Los Palmeras, ao vivo
y pa colmo usa pollera cortita
el meneo la levanta todita
Ella bonita, baila mueve se menea se exita
cuando se le va parando solita
ella sigue porque sabe que irrita
Es que ella tiene un bombon asesino
se sabe un bombon bien latino
Es que es un bombon suculento
con ese bombon casamiento
Sabe de bombon y lo mueve
menea el bombon cuando quiere
Parece un bombon insaciable
seguro un bombon masticable
me como el bombon
5 de jan. de 2007
O que passou
Para quem não está ligando uma coisa com a outra, a citada cidade está em pé de guerra com o Uruguai e com o governo argentino por causa de duas fabricas de papel que estão construindo as margens do rio Uruguai. As pessoas que ai vivem têm medo que as águas se contaminem com os resíduos das fabricas, o que me parece uma preocupação legitima, claro. Mas dai a fazer o quilombo, tremenda confusão, que estão fazendo... Eles bloquearam a estrada que liga os dois lados faz meses, literalmente acamparam ai. Agora, querem impedir que as pessoas tomem o Buquebus (uma espécie de ferryboat) que leva gente e carros ao Uruguai. O que eles querem? Que as fabricas sejam instaladas em outro lugar (eu acharia razoável exigir que cumprissem com todas as normas ambientais). Isso me faz pensar: suponho, então, que eles querem continuar usando guardanapos, papel-toalha e papel higiênico, desde que não contaminem o seu quintal, mas contaminar o quintal do vizinho, pode. Os Adams merecem ou não estar ai? Bem, fazer protestos é uma espécie de tradição argentina, vocês devem lembrar das imagens na televisão do que passou em 2001, mas tudo tem um limite. Eu tenho quase certeza que em português existe a palavra piqueteiro para se referir aqueles que usam aumento de salários como pretexto para armar uma baderninha básica. Aqui, é quase uma profissão, há um monte de gente que vive disso, sempre exigindo aumento da grana que o governo originalmente dava como ajuda para as famílias por causa da crise de 2001. Agora, o governo é refém da situação, quer parar de distribuir o dinheiro, mas se fizer isso, não quero nem imaginar o quilombo que vão fazer. Vejam como são as coisas: o argentino tem mania de reclamar de tudo.
4 de jan. de 2007
Em funcionamento
Por sorte, eu tenho que descobrir o que passa com uma computadora, que dizem congelar quando se usa o editor de textos. Então, eu tinha que provar escrevendo qualquer boludez, um texto idiota que fosse. E de uma vez só, vou introduzindo novos conceitos no blog. O primeiro é que chamei um PC pelo feminino. Acontece que no espanhol tradicional, usa-se ordenador, que aqui na Argentina ninguém usa. Preferem chamar ele de ela, o que para mim faz um tremendo sentido: computadoras só funcionam quando querem, da maneira que querem, o tempo que quiserem. Alem disso, no fundo, no fundo, ninguém os entende realmente, nem mesmo seus criadores. E qualquer um juraria tratar-se de algo racional e lógico, no entanto é quase empírico. Enfim, PCs tem que ser tratados por elas. O segundo conceito é que vou procurar introduzir aqui algumas das palavras que se usam no dia a dia aproveitando a técnica das novelas italianas da Globo: para cada frase, usarei uma palavra em italiano e a seguir sua tradução ou significado parecido em português. Sempre critiquei tanto isso, mas agora acho uma boa idéia. De fato, é. Bem, por agora fico por aqui. Talvez escreva mais algum texto ainda hoje ou essa semana, mas já lhes adianto que toda segunda-feira vai haver texto novo no blog. Nem que seja algum dos meus velhos poemas. Tenho mais de 40, enchem quase um ano inteiro; azar o de vocês. ;-)